A Economia Brasileira experimentou
praticamente uma década de crescimento econômico. Em grande parte, muito mais
por condições exógenas do que por mudanças estruturais de sua economia. Aqui
afirmo que este ciclo está com os dias contados e vamos explicar o porque.
Em primeiro lugar é muito importante
estabelecer aqui a diferenciação entre “estoque” e “fluxo”. Apesar de ser
fundamental para o compreender o funcionamento de uma economia, a ênfase na
diferenciação entre estes dois conceitos não são difundidos nas principais
escolas de economia e na mídia econômica. Talvez exista uma razão sociológica
para não se abordar mais firmemente a diferença entre os dois conceitos. Mas
isto, é tópico para um outro Post…
Pois bem, PIB é fluxo. A riqueza de
um país é estoque! Analogamente, seu salário é seu PIB, seu fluxo. Seu Patrimônio,
é estoque. Ora, se você por uma década percebeu um salário bem alto, por estar
trabalhando em cargo gerencial em uma multinacional exportadora de commodities,
seu fluxo (PIB) está alto. Isto não significa que você está rico! E tampouco
significa que sua riqueza está aumentando consideravelmente.
Ora, observe que a pujança da empresa
onde você trabalha não depende diretamente dela mesma. Em um Mercado de
commodities sua empresa é tomadora de preço. Simplesmente estão pagando mais
caro no que você vende e durante este periodo seu fluxo é alto! Se você utiliza
todo este fluxo para consumo, sua “sensação”
de riqueza aumenta, mas você não está mais rico. Se você não investe o
suficiente deste seu fluxo, quando o negócio da empresa onde trabalha tiver
desempenho pior, você pode perder seu emprego, se não investiu o que acontece?
Isso mesmo, se não formou estoque, riqueza, você está pobre!
Pois bem, a Economia Brasileira hoje
se encontra em uma situação parecida. A percepção da população brasileira é de
que estamos consideravelmente mais ricos! Anos de crescimento do “fluxo” (PIB)
geram a sensação de que estamos realmente mais ricos. Mas será que estamos
mesmo?
O motivo pelo qual a Economia
Brasileira caminha para recessão é simples: falta de competitividade.
Crescimento, se não baseado em ganho de produtividade não aumenta riqueza de um
país de forma sustentável. Na analogia acima, não importa que você em seu cargo
gerencial de uma empresa de commodities produza a mesma coisa que em anos
anteriores, se estiverem pagando 50% menos na commoditie, o “fluxo” percebido
por sua empresa vai cair. Provavelmente seu bonus anual cairá, com sorte
manterá seu emprego.
Perdemos ao longo dos últimos anos a
chance de aproveitar o ciclo favorável de excesso de liquidez e ciclo de alta de
preços de commodities para, com o “fluxo” crescente, simplesmente: Investir!
Investir em infra-estrutura, educação e tecnologia.
O que é pior, utilizamos mal o “fluxo”,
criamos uma sensação de “riqueza” falsa, baseado em um consumo desenfreado
durante os anos de excesso de liquidez e termos de troca favoráveis (ciclo de
commodities). Geramos bolhas (através de crédito gastando o “fluxo” futuro
incerto e que provavelmente não teremos!), nossa riqueza real não é aquela que
percebemos hoje. Mal temos a capacidade de gerar o mesmo “fluxo” de anos
anteriores. A alocação dos recursos foi distorcida em diversos setores da economia.
Com isto, o crescimento não é sustentável e caminhamos para anos de “vacas
magras”, com muita sorte crescimento pífio do PIB, mas muito provavelmente:
Recessão.
Por que o “fluxo” dos últimos anos
não pode continuar? Por que não podemos continuar recebendo nosso “salário
gordo” (PIB)?
Porque tudo indica que o ciclo de excesso
de liquidez mundial está com os dias contados. Indícios das maiores economias
do mundo (EUA, China e Japão) apontam para uma redução de liquidez. A economia
chinesa deve crescer em ritmo mais lento, os preços de commodities já cairam
bastante e muito provavelmente o ciclo de alta de commodities acabou.
Conclusão, o tão mais rico que nos
sentimos hoje só vai aumentar a sensação de pobreza num futuro próximo. Vamos observar
que durante este periodo não acumulamos riqueza, apenas gastamos mais e mal
sacrificando o futuro. Essa é nossa deseconomia brasileira.
Hoje li um artigo do Alexandre Schwartsman que tem tudo a ver com o post.
ResponderExcluirTive de compartilhar aqui:
http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/07/problemas-reais-e-ilusoes-fiscais.html
Ótimo post, muito claro. Pena ser verdade, pois os próximos anos serão difíceis.
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