Aproveitando um pouco os conceitos
do ultimo post vamos analisar o porque do Brasil colecionar em sua história
econômica décadas perdidas. Se faz parte do objetivo de qualquer Nação se
desenvolver, e todos sabemos disso, como puderam haver desvios nesta direção?
Primeiramente é necessário
discorrermos sobre alguma espécie de definição de desenvolvimento. Grosso modo
vou separar aqui o desenvolvimento em 3 dimensões básicas: Renda, Riqueza e
Fatores Sociológicos. Renda definida
como o “fluxo” (PIB) e Riqueza definida como a acumulação de capital (que a
grosso modo determina a capacidade de gerar renda no longo prazo). Como Fatores
Sociológicos defino itens que geram bem estar coletivo como preservação dos
direitos fundamentais do homem, direito a liberdade, segurança, etc.
Pois bem, uma vez definido o conceito
de desenvolvimento que aqui colocamos, deveríamos supor que a função objetivo
de qualquer governo fosse de alguma forma maximizar o desenvolvimento. Qualquer governo deveria ter por objetivo
principal a Maximização do Bem-Estar Social. A pergunta é: Isto ocorre na
prática? É realmente a função objetivo dos governos a maximização do Bem-Estar
Social?
A resposta é um sonoro NÃO. Na estrutura social e política que o Brasil
se encontra a função objetivo do governo brasileiro (e aqui coloco de forma generica,
pois independe de esfera de governo, partido ou ideologia, situação ou
oposição) NÃO é de maximização do Bem-Estar Social. Dois dos itens que definem
o desenvolvimento acima só são impactados por políticas econômicas no Longo
Prazo: Riqueza e Fatores Sociológicos. Votos são resultados de curto prazo e
memória curta. A função objetivo de
qualquer governo brasileiro é a maximização da SENSAÇÃO de Bem-Estar Social de
curto prazo.
Mas qual a diferença disto? É
simples. O Bem-Estar de um índividuo não é o seu Bem-Estar atual, é a soma do
seu Bem-Estar até o fim de sua vida “de certa forma” descontado a valor
presente. Como uma agregação de índividuos, o Bem-Estar de uma Nação deveria
ser mensurado como o Valor Presente do bem estar de gerações e gerações.
Pois bem, a SENSAÇÃO de Bem-Estar
Social é o Bem-Estar corrente, de curto prazo, e ele pode perfeitamente ser maximizado em detrimento
da maximização do Bem-Estar Geral, ou seja, em detrimento do desenvolvimento de
uma nação. E no fundo, é isso que tem
ocorrido com a condução da economia brasileira, década perdida após década
perdida.
A SENSAÇÃO de Bem-Estar Social é
dada por: Renda atual (PIB), Riqueza e Fatores Sociologicos. O governo e sua
estrutura normalmente são em parte resultantes dos Fatores Sociologicos
pre-existentes. A política econômica voltada para maximização da Riqueza (estoque)
só tem resultado no Bem-Estar Social a mais longo prazo. Portanto, para
maximização da SENSAÇÃO de Bem-Estar Social resta ao governo uma política
econômica voltada única e exclusivamente à maximização da Renda atual (PIB).
As consequências disto são
terríveis. Basicamente o que os governos brasileiros fazem ano após ano é o
comprometimento da Riqueza da Nação (“estoque”) para inflar ao máximo a renda
presente, ou PIB (“fluxo”). A busca desenfreada por maximização da SENSAÇÃO de
Bem-Estar de curto prazo gera ações das mais absurdas, que estamos mais do que
cansados de observar:
-
Toda sorte de endividamento (publico
e privado) para financiar gastos correntes. Em governos anteriores o vetor de
endividamento foi basicamente publico e a forma de sentirmos isso permanece até
hoje na estrutura de nossa economia. Sempre existiu uma carga tributária
elevadíssima e um sistema tributário
extremamente complexo e ineficiente.
-
O governo atual alterou apenas
um pouco esta dinâmica, fazendo transparecer que o vetor de endividamento seja
mais Privado. Na prática, não o é. Utiliza-se os Bancos Estatais para forçar um
aumento de crédito sem precedentes com Caixa e Banco do Brasil despejando
crédito em pessoas com duvidosa capacidade de pagamento. E por que não o nosso
querido BNDES também emprestando para pessoas com duvidosa capacidade de
pagamento, como nosso Warren Buffet tupiniquim Eike Batista.
-
Contabilidade Criativa: Bom,
esse é um termo interessante para definir basicamente uma coisa do tipo: como
tirar dinheiro da bolsa de sua mulher (população), não deixar ela ver (não
publicar a dívida) e mostrar uma situação no azul no fim do mês pra Sogra
(Mercado Financeiro e Comunidade Internacional)
-
Se não se pode controlar alguma
coisa, mude a coisa… Basicamente é como funciona hoje o nosso regime de Bandas
de Inflação. É Simples… você tem a inflação de qualquer brasileiro que varia de
6,5% a algumas centenas de %... e o índice de inflação corrente é sempre
definido como o limite inferior desta banda, basta alterar o índice, controlar
preços de combustíveis, alterar contratos de concessões de energia… Pouco
importa que a minha infação seja de 20%, a sua que está lendo seja de 30%... O
que importa é que definamos o IPCA de forma que ele sempre dê o menor índice de
inlfação que um brasileiro poderia estar exposto se mudasse seus padrões de consumo.
Como o PIB é medido em termos reais, uma inflção de 20% jogaria nosso PIB em
termos reais no buraco.
Essa é a nossa política econômica, ela não é a atual, ela se
perpetua ao longo de décadas e décadas, apenas com algumas nuances diferentes. O fato é, essa função objetivo do governo
quando maximizada bem, gera bastante voto… Será que um dia vamos conseguir
colocar uma função objetiva sueca para o governo tupiniquim maximizar? Ou vamos
continuar décadas e mais décadas sacrificando o desenvolvimento da Nação por um
Pibinho maroto?
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